Colecionando Ar
de Rodrigo de Souza Leão
a imobilidade diante dos fogos |
a imobilidade diante dos fogos
parado, o silêncio me confunde
imóvel, teu laço de amizade
toda a mobilidade parada ainda
só pra te ouvir soltar
cachorros
e engolir toda a pólvora de luz
cuspir o nosso amor em fogos
sutilmente alimentado |
dito ao verso que te espero
você se esmera esmeralda
a vestir véu e grinalda
dito ao verso que te quero
você caiu em minha rede
estendida entre mim e parede
por isso olhou convexa
depois despoluí o olhar
para fincar as flechas
envenenadas do ato amar
anote então em teu corpo
que te quero, a flor em pele
lamino, pênis, delicado, torto
colher de colher mulheres
bocejo |
bocejo espreguiçando feito um cão
acordado naquele momento
por um furacão
eu, expirado em seguida,
centrifugo circularmente bicho da seda
do parque de diversão
então sobrevivi enfim
a um beijo seu
amar pra sofrer que é bom |
ampute o silêncio de tua fala,
regenere o desgosto do olhar
pois quem fere, calando exala
o desgosto de sempre matar
escorra a macarronada textual
al dente, caliente, o que diz
pois se nada no ato sexual
nada fala riscando este giz
não é o professor de sexo
está mais para um colibri
que divide o desgosto anexo
com as flores de um existir
por isso se o que digo é sol
e clareia sua posição polar
faz do desgosto o seu escol
e da sua vida a palavra amar